quarta-feira, fevereiro 18, 2009

PROJETO LER É 10- MANUEL BANDEIRA



MANUEL BANDEIRA

Escritor, poeta nascido em 1886, presente em todos os livros de leitura das escolas no Brasil. Presente também na vida de cada um de nós quando conhecemos um pouco desse grande poeta brasileiro.
De uma proposta de vida se projetou outra; não queria ser escritor, mas sim arquiteto. Uma doença nos pulmões mudou-lhe o rumo da vida passando a dedicar-se à atividade literária, publicando versos e crônicas que já refletiam o tema da morte e do desalento.
Mas a vida não foi à toa como costumava citar o escritor porque em sua peregrinação pela cura, esteve na Suiça conhecendo escritores europeus de muita relevância.
Estreia finalmente em 1917 o livro “A cinza das Horas” título bastante significativo de sua primeira fase como poeta. Seu segundo livro “Carnaval” surge em 1919 e com ele o poeta confirma sua evolução para a modernidade. Mas é no seu livro “Ritmo Dissoluto” de 1924 que Manuel Bandeira revela maior adesão ao modernismo que se completa em 1930 nos versos de “Libertinagem”. Vieram em seguida “Estrela da Manhã” de 1936, “Lira dos Cinqüent’ Anos” de 1940 juntamente com “Poesias Completas”de 1948 .
Seus muitos livros e bons livros trazem poesias interessantes que nos levam a uma reflexão profunda da vida, “a vida que não foi à toa”. Outros livros revelam o escritor sob outros prismas, entre os quais o cronista, o memorialista, o ensaista e o professor de Literatura. Seus títulos nesse período, começam com o “Guia de Ouro Preto”, de 1938, “Noções de História das Literaturas” de 1940, “Itinerário a Pasárgada”de 1957, entre outros.
Manuel Bandeira foi professor de literatura no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro e Literatura Hispano-Americana na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro). Foi membro da Academia Brasileira de Letras ocupando a cadeira número 24.
De Carlos Drummond de Andrade se lê a seguinte referência a Manoel Bandeira:
“poeta melhor que nós todos, o poeta mais forte”.
Fica para vocês uma boa recomendação para leitura, ressaltando que muitas vezes é melhor reler o que já foi escrito esquecendo por um momento, leituras contemporâneas.

Boa leitura!

Dulce Codeço
Bibliotecária Centro Cultural Brasil-Chile

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

CONTA CONTOS: A MAGIA DO CARNAVAL DO BRASIL




CONTA CONTOS: A MAGIA DO CARNAVAL DO BRASIL


Com o objetivo de divulgar uma das Festas mais populares do Brasil, o Carnaval, convidamos todas as crianças chilenas e brasileiras residentes para um Conta Contos, no dia 1º de março, às 16:00 horas, com entrada gratuita.

O Carnaval, que este ano será realizado entre os dias 20 e 24 de fevereiro, é comemorado em diversos países do mundo e, no Brasil, sua origem provém do “entrudo” de Portugal. Nesta festa popular as pessoas atiravam, umas às outras, água, farinha e ovos. Além disso, influenciados pelos costumes dos países europeus, era comum o uso de máscaras, fantasias e desfiles urbanos.

A evolução desta festa no Brasil ganhou mais força no século XX, graças às “marchinhas” de carnaval e ao surgimento da primeira Escola de Samba, “Deixa Falar”, criada no Río de Janeiro. Atualmente tanto no Rio como em São Paulo organizam-se competições de desfiles das Escolas de Samba. Porém, em Salvador, Olinda e outras cidades da região Nordeste do Brasil, é possível apreciar outra forma de expressão do Carnaval que também comemora com alegria e cores a mais famosa festa popular do Brasil.


Estamos preparando a exibição de algumas fantasias de Carnaval do nosso acervo. Não percam!


Contamos com a sua presença.

Conta contos: A magia do Carnaval do Brasil
Data: 1º de março de 2009
Horário: 16:00 horas
Lugar: Café Literário de Providência
Endereço: Av. Providência 410. Parque Bustamante. Metrô Salvador.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Bienal Internacional do Livro do Ceará- 2008

ELISA CRISTINA MORAES RODRIGUES LOPES

Bienal Internacional do Livro do Ceará (2008):

“A aventura cultural da mestiçagem”

“Política cultural dos Centros de Estudos Brasileiros na América Hispância”



A HISTÓRIA DOS CENTROS E INSTITUTOS CULTURAIS
A criação de Centros de Estudos e Institutos Culturais para o ensino da língua portuguesa e a difusão da literatura e da cultura brasileira foi uma iniciativa do governo brasileiro, no final dos anos 40 e, inicialmente, atendia a uma política de aproximação cultural com países limítrofes, como Uruguai, Paraguai e Argentina. Neste contexto, o Brasil permanecia então rodeado não apenas por uma fronteira territorial de imensos espaços pouco povoados, como também por outra fronteira, a do idioma. Com o propósito de integrar o país ao universo dos países de fala hispânica da região, os centros e institutos foram se estendendo por toda a América Latina e hoje também estão presentes em cidades como Santo Domingo, Washington, Madri, Barcelona, Roma, Maputo, Helsinque, entre outras.
Os CEBS estão diretamente ligados às Embaixadas em cuja jurisdição atuam; são, portanto organismos vinculados à Embaixada do Brasil cuja missão é: ensinar a língua portuguesa falada no Brasil e divulgar a literatura e a cultura brasileira.O êxito dos centros e institutos tem sido indiscutível, superando todas as expectativas pelo interesse despertado pelo número crescente de alunos que agrega. Além da aproximação que se dá naturalmente pelo intercâmbio comercial, político e acadêmico, os alunos parecem procurar os cursos de Português com uma curiosidade espontânea, decorrente da própria atração exercida pela cultura brasileira. Nesse sentido, língua e cultura são instâncias indissociáveis e instrumentos de interlocução na instauração do diálogo da cultura brasileira com outras culturas.
Os CEBs tradicionalmente focalizavam suas atividades no ensino da língua portuguesa. Ao longo dos últimos anos, as atividades culturais têm-se intensificado e expandido passando a abarcar também a divulgação da cultura brasileira nas suas diversas manifestações. Atualmente, os CEBs oferecem sessões de cinema, exibições de dança e capoeira, mostras de artes plásticas, ciências e fotografia, concertos musicais, entre outras atividades. Ademais, promovem a divulgação de manifestações artísticas e culturais locais, tendo se transformado em verdadeiros centros culturais.
Neste novo e amplo contexto, a denominação Centro de Estudos deixou de alcançar conceitualmente a ampla esfera de atuação dessas unidades. Nesse sentido, recentemente, os CEBs passaram a intitular-se Centro Cultural Brasil e o nome do país em que se encontram.


CULTURA, AMIZADE E INTEGRAÇÃO
O Centro de Estudos Brasileiros (CEB) de Santiago do Chile foi criado em 1960, pelo Ministério das Relações Exteriores, com o objetivo de difundir o idioma português falado no Brasil e de promover a cultura brasileira, assim como estreitar os laços de amizade e de cooperação cultural entre o Brasil e o Chile. Órgão integrante da estrutura da Embaixada do Brasil, o CEB funciona em sede própria na principal avenida de Santiago. Seu primeiro diretor foi o escritor e poeta amazonense Thiago de Mello. Ao longo de mais de 40 anos, o CEB-Santiago tem mantido e ampliado a sua presença no cenário cultural chileno. O aumento do número de matrículas nos últimos 4 anos, (contamos até o momento com aproximadamente 600 alunos matriculados e uma média anual de 500 novas matrículas), nos leva a contabilizar que na última década passaram pelo CEB, aproximadamente 6.000 alunos, o que reflete tanto o interesse crescente do público local pela língua portuguesa quanto a disposição da equipe do CEB Santiago de enfrentar os desafios impostos pela maior demanda.
Além dos cursos regulares de Português, voltados para as necessidades específicas de uso do idioma (trabalha-se com o método comunicativo intercultural de versão moderada), o CEB realiza exames periódicos para concessão do Certificado de Proficiência na Língua Portuguesa falada no Brasil- CELPE-BRAS. O CEB é o único posto aplicador do exame no Chile.
O Convênio de Cooperação Cultural e Científica estabelecido entre o Brasil e o Chile, em dezembro de 1976, em vigor, ampliou a ação cultural e estabeleceu o intercâmbio científico e tecnológico entre os dois países, estimulando a cooperação universitária. Nesse sentido, são oferecidas atualmente através do MRE, do Ministério de Ciência e Tecnológia e do Ministério de Educaçao CNPQ e CAPES, bolsas de estudos a nível superior por meio dos programas Estudante Convênio PEC-G e PEC-PG para alunos chilenos interessados em realizar seus estudos de graduação ou de pós-graduação (mestrado e doutorado) em universidades brasileiras.
Entre outras atividades, o CEB promove ou contribui para a promoção de exposições de artes visuais, espetáculos musicais e teatrais, distribui material informativo sobre o Brasil trabalhando em parceria com o setor de Turismo da Embaixada no Chile, difunde a música erudita e popular, organiza palestras e seminários sobre temas relacionados com a civilização e a atualidade brasileiras.
O CEB-Santiago dispõe de uma Biblioteca com aproximadamente 7.800 títulos sobre o Brasil no Chile e 8.500 exemplares. A coleção está composta de uma grande variedade de obras de referência, livros e publicações periódicas. O CEB dispõe também de um setor Audiovisual com um número bastante expressivo de cds e dvds com produções brasileiras ou sobre o Brasil, disponíveis ao público mediante empréstimo. Por meio desse acervo audiovisual, o setor cultural da Embaixada e o CEB vem promovendo mostras de cinema brasileiro em escolas, universidades e salas de projeção em todo o Chile.Quanto ao apoio institucional, o CEB brinda sua contribuição a várias Prefeituras locais e entidades diversas, colaborando com atividades relacionadas à divulgação da cultura brasileira, através do empréstimo de fantasias típicas; material de divulgação sobre o Brasil, mostra de capoeira entre outras.
Os eventos culturais promovidos pelo CEB contam com grande receptividade do público chileno. Os esforços, no sentido de atender a crescente e ampla demanda nos últimos anos, estiveram pautados pela realização de iniciativas internas que tiveram o respaldo de entidades culturais locais (centros culturais, universidades, bibliotecas públicas, escolas dos diferentes municípios da grande Santiago, entre outros). Ressalto que o CEB conta com o apoio do setor cultural da embaixada do Brasil para a realização das suas atividades. Graças à multiplicação de iniciativas inéditas nos campos da literatura (edições de livros bilíngües), cinema, artes plásticas e música, o Brasil é hoje mais conhecido nos ambientes culturais da capital chilena e de outras importantes cidades do país. Portanto, a Embaixada, em conjunto com o CEB, constituem os principais instrumentos de promoção oficial da presença cultural do Brasil no Chile. As prioridades temáticas mudam de acordo com as oportunidades e circunstâncias, ainda que obedecendo aos critérios sempre presentes de representatividade, qualidade e acessibilidade.
Creio que a difusão da língua e da cultura brasileira na América Hispânica, via CEBs, é uma tarefa importantíssima e, portanto um grande desafio. As relações entre as nossas culturas precisam ser cada vez mais uma realidade que uma possibilidade ou um sonho apoiado pela retórica. A difusão cultural promovida pelos CEBs, a partir de objetivos concretos, respeitando os critérios acima mencionados, pode pouco a pouco vencer ou disseminar as barreiras lingüísticas e culturais ainda existentes. No entanto, existe a necessidade de contar com mecanismos de maior porte para assegurar sustentabilidade às atividades culturais e à oferta de português na região.
Hoje, o tempo é de integração. Nossos países buscam formas de se aproximar em vários campos, porém a mais profunda forma de integração é a cultural. É com a criação de sensibilidades comuns, com a troca de modos de ver e sentir que se estabelecem as raízes permanentes da integração.
Vinícius e Neruda são parte dessa história: “Quantos caminhos não fizemos juntos” , caminhos de amizade e poesia. Os dois poetas nos mostram como se inspiraram um com a obra do outro, talvez a forma mais sutil de cooperação entre poetas.Talvez ainda não se possa dizer, como Neruda de Vinicius “No dejaste deberes sin cumplir” já que são muitas as tarefas e desafios que devemos enfrentar.
Celebrar o espírito e a poesia dos nossos grandes poetas é feliz obrigação para os que desejam continuar divulgando, mais forte e completamente, o patrimônio lingüístico e cultural brasileiro, com redobrada dedicação, compromisso e entusiasmo.


Elisa Cristina Moraes Rodrigues Lopes
Linguista. Trabalha atualmente como diretora do Centro de Estudos Brasileiros da Embaixada do Brasil em Santiago do Chile. Sua área de interesse é a Análises do Discurso desde uma perspectiva funcional, a pragmática desde a ótica própria da comunicação intercultural, especialmente, discurso oral e ensino/aprendizagem de segundas línguas.



Texto apresentado no debate "Política cultural dos Centros de Estudos Brasileiros na América Hispânica" Sala Dolor Barreira - 16 de novembro de 2008. Mesa composta por Elisa Lopes (CEB Chile) Cristiane Grando (CEB República Dominicana) Mediação: Marco Lucchesi (Brasil)