quinta-feira, março 23, 2006

Como se sabe, a língua é um fenômemo social e reflexo do nosso modo de ser e de estar no mundo. Neste contexto, o aprendiz de uma língua deve ser culturalmente competente para reconhecer condutas, comportamentos, atitudes e utilizar esta competência para se comunicar. Ou seja, aprender uma língua é muito mais que aprender signos, letras e sons, é também ser culturalmente competente.Esse tipo de saber é muitas vezes mais difícil de se adquirir porque ele funciona a partir de implícitos codificados. Por exemplo, para entender o siginificado da frase "colocar mais água no feijão", o aprendiz de português deve perceber formas simbólicas estabelecidas e compartilhadas pela comunidade lingüística e cultural diferente daquela a que pertence. A compreensão dessas formas simbólicas, auxiliam o aprendiz a antecipar condutas adequadas no contexto de interações socias.No sentido amplo, os valores de uma sociedade, os costumes alimentares, a religião dominante, dentre outros aspectos, são elementos que participam da cultura de um determinado grupo lingüístico e são fundamentais e devem ser levados em conta no ensino/aprendizagem de uma língua.E você, poderia citar alguns exemplos ou situações vividas em que o uso de uma palavra provocou risos ou mal entendidos?Até a próxima.
(Texto da profª e Drª Lúcia Maria de Assunção Barbosa (UFS Car),divulgado no minicurso " O Léxico Culturalmente Marcado em Letras de Canções Brasileiras." Apresentado no II Congresso de Português Língua Estrangeira , organizado pela Casa do Brasil em Buenos Aires- Argentina )

terça-feira, março 21, 2006

Manoel de Barros


"Que hei de fazer se de repente a manhã voltar?
Que hei de fazer?
- Dormir, talvez chorar".
A NAMORADA
Manoel de Barros
Havia um muro alto entre nossas casas.
Difícil de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa
por
um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos
da goiabeira
E então era agonia.
No tempo do onça era assim.
(Texto extraído do livro "Tratado geral das grandezas do ínfimo",
Editora Record - Rio de Janeiro, 2001, pág. 17.)
Manoel de Barros, nasceu em Cuiabá (MT), em 19 de dezembro de 1916.
Atualmente mora em Campo Grande (MS), é advogado, fazendeiro e poeta.
Com oito anos foi para o Colégio em Campo Grande, e depois no Rio de Janeiro.
Não gostava de estudar até descobrir os livros do Padre Antonio Vieira: "A frase
para ele era mais importante que a verdade, mais importante que a sua própria fé".
Manoel descobriu que o poeta não tem compromisso com a verdade, mas com a
verossimilhança. Dez anos de internato lhe ensinaram a disciplina e os clássicos a
rebeldia da escrita.

segunda-feira, março 06, 2006

UM POUCO DE LITERATURA


Orígenes Lessa: Romancista e contista, nasceu em Lençois - SP em 12 de julho de 1903 e faleceu em 1986. filho de pastor protestante, em 1928,tornou-se tradutor no Departamento da GM, em 1929 passou a colaborar no Diário da Noite em São Paulo. Em 1932 participou da Revolução Constitucionalista. Fundou e dirigiu o periódico Planalto que teve circulação nos anos 1941 e 1942. Trabalhou em 1942 em Nova Iorque, como redator da NBC, regressou ao Brasil em 1943, dedicando-se às atividades literárias e foi membro da Academia Brasileira de Letras.Entre suas principais obras, destacamos " O FEIJÃO E O SONHO"O feijão e o sonho é uma história de um casal onde o homem representa o sonho e a mulher o"feijão".O sonho representa a fantasia e o desejo. O feijão, a realidade e a praticidade da vida.Campos Lara, leva sua vida sonhando em viver da poesia, ser literato,poeta, alheio às necessidades da família.Maria Rosa, batalhadora, preocupada com a vida, luta desesperadamente contra a miséria e o infortúnio da família.Joãozinho, filho mais novo, o filho que cria na mãe uma expectativa de ser advogado, engenheiro ou ter uma profissão que lhe renda dividendos, se envereda pelo caminho poético do pai o que enche de orgulho a campos Lara, mas para Maria Rosa é uma grande decepção, e pensa: - Que fazer com um marido e filho poeta, num país de analfabetos?